Durante a infância é inevitável passar por vários momentos concretos que são considerados verdadeiras crises na nossa vida e que com certeza acabam nos marcando para bem ou para não tão bem, dependendo de como sejam enfrentadas.
É por isso que nós, os pais, devemos saber como ajudar aos nossos filhos a passar por essas etapas importantes da vida da forma mais suave possível.
Uma das primeiras crises e mais complicadas é passar de ser filho único a ter um irmão mais novo.
É uma mistura de alegria e entusiasmo com ansiedade e medo.
Por um lado, o fato de ter uma companhia para as brincadeiras causa uma enorme euforia na criança, por outro, pensar em compartilhar as pessoas que ele mais ama no mundo é sentido como um profundo estresse e receio.
As crianças não entendem que o amor pode ser repartido a partes iguais. Para eles, para amar a uma pessoa, devemos deixar de amar a outra.
Assim, dá para chegar a fazer uma ideia da explosão de sentimentos encontrados que tem que experimentar a criança, não é?
Quando nasce um bebê numa família, o filho mais velho cresce de vez. Deixa de ser o rei/rainha da casa dono da completa atenção dos pais para acabar tendo que compartilhar tanto a dedicação dos que ama como objetos e espaços do lar.
A chegada de um novo filho é um tema complicado. É complicado para nós, os pais, claro, mas para o filho que até agora era único é um verdadeiro desequilíbrio emocional.
Muitas vezes não prestamos a atenção devida neles porque estamos ocupadas com o novo integrante da família e não é para menos. Um novo bebê em casa requer muita dedicação e tempo e mais quando já temos um filho que cuidar.
Como uma ameaça. Sim, soa forte, mas é assim mesmo. Ele pensa que vai perder o amor dos pais. Imagine que sofrimento interno isso pode gerar!
Todas as nossas vivências acabam repercutindo na formação da nossa personalidade. Somos o resultado de absolutamente tudo o que vivemos.
As crianças não têm a capacidade suficiente para resolver determinados conflitos internos e se não são solucionados a tempo, muitas vezes acabam gerando pequenas consequências na forma de ser futura do individuo que são traduzidas mais tarde como timidez, falta de autoconfiança, baixa autoestima, etc.
Claro que todo mundo (ou quase) passa por isso e acaba superando. Não ficamos traumatizados nem nada pelo estilo, mas está claro que se ajudamos a nosso filho a passar por esse período da forma mais natural e amorosa possível, ademais de evitar um sofrimento desnecessário, vamos estar colaborando para um correto equilíbrio emocional.
É nosso dever ajudar aos filhos a superar momentos de crise. Não estamos falando de fazer como que nada aconteceu e superproteger a criança. Me refiro a oferecer as ferramentas necessárias para que possam superar os momentos difíceis.
Toda criança, por pequena ou grande que seja, percebe a chegada de um novo irmão como uma ameaça, mas claramente as idades compreendidas entre os 2 e os 7 anos são as que mais sofrem com isso.
Antes de anunciar a gravidez, mostre para ele exemplo de crianças com irmãos e a vantagem que supõe isso.
Pouco a pouco, vá despertando a vontade de ter um irmãozinho só dele.
Pode ser que ao principio ele diga que não gostaria de ter um. Muitas mães, nesse caso, sentem um balde de água fria pelas costas quando escutam isso da boca do filho. E como ainda por cima está com os hormônios a flor da pele, sofrem com essa resposta.
Não se desespere, mamãe, é uma reação que pode ser completamente normal e em pouco tempo pode se reverter e acabar tendo o filho pedindo desesperadamente por um irmãozinho.
Quando você perceber que ele mostra certo interesse em ser irmão mais velho, dê a noticia da forma mais positiva possível.
Se estiver enjoando ou com tonturas, evite que seu filho perceba que você não está bem por causa da gravidez para que ele não pense que o culpado de você estar assim é o bebê que está na sua barriga.
Ofereça a ele a possibilidade de sentir o bebê mexer, de acariciar a barriga, falar com o bebê, cantar nanas…
Explique que o irmãozinho escuta tudo o que ele diz e que quando nascer vai reconhecer ele pela voz.
Ele vai se sentir orgulhoso de poder participar das questões importantes.
Para evitar “desastres” dê sempre opções já previamente escolhidas por vocês: 2 ou 3 possíveis nomes ou objetos a eleger. Você não vai querer que ele escolha Pikachu ou PeppaPig de nome para irmão nem que decida que o berço a comprar seja o mais caro da loja, não é?
Compre um presentinho, qualquer coisinha barata mesmo (uma figurinha adesiva, um gibi…), mas que você sabe que ele vai gostar e coloque ao lado do irmãozinho quando ele for conhece-lo.
Ele vai adorar saber que o bebê lembrou dele.
Quando alguém te avisar de que vai ir conhecer o bebê, peça, antecipadamente, que primeiro comprimente ao mais velho e que peça que seja ele quem apresente ao irmão.
Se trouxerem algum presentinho para o novo membro da família, peça que não entregue diante do irmão ou que traga também alguma coisinha para ele.
Implique ele na troca da fralda, no banho, na massagem… Ele vai se sentir importante e útil.
Tire um momento do dia para poder fazer alguma coisa a sós com ele: ler um conto, fazer um bolo juntos, cantar juntos uma canção…
Que ele sinta que, apesar de você estar muito ocupada com o bebê, continua tendo momentos que pertencem só a vocês dois.
É praticamente impossível evitar chamadas de atenção e o mal comportamento. Tenha certeza de que isso vai acontecer. É a forma que ele tem de te dizer que está se sentindo segregado.
Lembre que quando ele se comportar assim é porque está experimentando um sentimento desagradável que lhe causa muito estresse. O que ele precisa é mesmo de um abraço.
É difícil, mamãe, mas vale a pena o esforço.
Muita paciência, muita dedicação e muito carinho.
Lembre que o bebê não percebe muita coisa, mas que o mais velho vai estar prestando atenção em todos os detalhes para ter certeza de que a chegada do irmão não supõe uma ameaça para ele nem a perda do amor dos pais.
Os ciúmes vão se manifestar em algum momento, tenha certeza. É um sentimento inato no ser humano. Mas com o tempo tudo passa. E você vai sentir saudade de tudo isso.
E este foi o momento em que meus filhos se conheceram. Um dos mais emocionantes, para mim.
Não esqueçam de registrar esse encontro especial.
Você lembra quando deixou de ser filha única? Como você enfrentou essa etapa? Se já tem 2 filhos, como vivenciou o mais velho a chegada do novo irmão?