Hoje é um dia especial! Ou pelo menos para mim. É o dia em que o mundo celebra a existência de uma das profissões mais bonitas e antigas que existe.
Hoje, dia 5 de maio, é o dia internacional da parteira! Atualmente chamada obstetriz ou enfermeira obstetra-ginecologista (midwife, matrona, comadrona, obstétrica, sage femme…).
É pouco conhecida no Brasil, mas muito valorizada na Europa, onde toda mulher em idade reprodutiva tem acesso a uma. E assim deveria ser no mundo inteiro.
Mas em que consiste realmente essa profissão?
Se trata da profissional universitária que cuida, acompanha e vela pela mulher ao longo da sua vida sexual e reprodutiva, assim como do recém-nascido nos seus primeiros 28 dias de vida.
Mas como assim? Em que aspectos exatamente?
Vou te explicar ponto por ponto para que fiquem bem claras as nossas competências (tomando como base a profissional da Espanha e Europa, em geral):
Valoramos seu estado geral, assim como peso, pressão, edemas…
Observamos a forma da barriga e o seu crescimento, e com a ajuda das nossas mãos, descobrimos como está situado o bebê no interior e escutamos os batimentos do seu coração.
Também somos quem encaminhamos à gestante ao obstetra para a realização das correspondentes ultrassonografias (Aqui na Espanha são 10 consultas com a matrona e 3 com o obstetra para realização de 1 ultrassom por trimestre).
Ademais, proporcionamos informação e assessoramento, escutamos as suas inquietudes, te acompanhamos e apoiamos emocionalmente e oferecemos recursos para viver de forma saudável e plena a gravidez.
Aí é quando se compartem experiências com outras mulheres que estão vivendo a mesma situação.
O trabalho em grupo dá lugar a um espaço para se expressar, se emocionar, compartilhar e trabalhar a relação com o casal e o vínculo com o bebê, e dessa maneira o pai se implica e se sente uma peça importante do assunto.
Um tema muito importante que tratamos é o momento do parto. Explicamos a sua fisiologia, hormônios implicados, damos recursos para aliviar a dor, movimentos, posturas…
Tratamos também os primeiros cuidados do bebê, aleitamento, criação, transporte do bebê em dispositivos porta-bebês…
Te acompanhamos durante todo o processo oferecendo apoio físico, psicológico e emocional, respeitando as suas decisões, proporcionando confiança, bem-estar e um ambiente íntimo e seguro para facilitar o nascimento, vigiando sempre o bem-estar também do bebê que está por nascer.
Estamos capacitadas para detectar qualquer alteração que possa aparecer durante o processo, em cujo caso tomamos as medidas necessárias para resolver a situação, avisando ao obstetra de guarda, se se encontra numa clínica ou realizando um traslado ao hospital, se se trata de um parto domiciliar.
Estamos presentes nos partos instrumentais e cesarianas, tranquilizando a mãe, colaborando com o obstetra e atendendo ao recém-nascido.
Também, proporcionamos apoio emocional, resolvemos dúvidas, fomentamos o vínculo pais-filho, os hábitos saudáveis… Trata-se de um período especialmente sensível e clave na vida da mulher e por isso, tem grande importância o acompanhamento nessa fase.
Participamos em programas de prevenção de câncer de colo de útero e câncer de mama.
Promovemos o autoconhecimento do corpo, dos órgãos sexuais e do ciclo menstrual.
Valoramos o solo pélvico nas diferentes etapas vitais da mulher e recomendamos uns cuidados específicos em cada caso, derivando a outros profissionais (fisioterapeutas, ginecologistas) quando nós não podemos solucionar um problema.
Em resumo…
Assim que dá para se fazer uma ideia da importância que tem essa/esse profissional na vida de uma mulher, não é mesmo?
Ademais, é uma profissão que se exerce por completa vocação. É raro que não seja assim. E isso faz com que a atenção seja ainda de mais qualidade.
Hoje em dia, ainda é uma figura quase desconhecida no Brasil. Existe, sim, mas normalmente não exerce para tudo o que está facultada.
Pelo que tenho investigado, na maior parte do Brasil não chegam a atender os partos normais sozinhas nem acompanham de forma rotineira as gestações. São os médicos os que cumprem com essa função, profissionais que deveriam fazer o seguimento das patologias.
A mulher grávida não está doente. É um processo fisiológico que deveria ser tratado como tal
De feito, há países como Holanda ou Inglaterra, onde a segurança social financia 100% o parto atendido por midwives (parteiras) no domicilio. E em outros como Alemanha, Suecia e Austria, é financiada a mayor parte. E é como deveria ser.
Dia 8 de março, coincidindo com o dia internacional da mulher, o ministério da saúde do Brasil publicou as novas diretrizes para o parto normal (Veja aqui o documento resumido), na qual conta com a forte presença da obstetriz e enfermeira especialista em obstetrícia e ginecologia. De feito, pretendem se espelhar em regiões como a Galicia (onde moro e trabalho).
Tenho certeza que as coisas vão mudar, nesse aspecto, no Brasil. E que dentro de poucos anos, a figura da obstetriz ou da enfermeira especialista estará muito presente na vida da mulher e se verá muito mais valorizada pela população brasileira.
Veja, neste vídeo de animação, uma pequena parte do nosso trabalho diario:
E para terminar, aqui estou eu , Daniela Glez, enfermeira obstetra ginecologista, à sua disposição.
E feliz dia à você, companheira de profissão! 😉
Imagens desde Flickr: Jason Lander, Jonathan Haynes
2 Comments
Muito interessante, devemos ser mais interessadas a saber como gera e como ocorre a evolução do nossos bebês na nossa barriga durante a gravidez e como se cuidar ,e até mesmo saber o que fazer em caso de emergência…valorizar as parteiras você estará valorizando você mesma.
Bonita reflexão, Lú!
Beijo grande e obrigada pelo comentário.