“Períneo?? Que diabos é isso?”
Acredite! Essa é a reação de muitas mulheres (e homens) quando perguntamos se sabem o que significa essa palavra. Não se sabe o que é e nem para quê serve.
É uma parte fundamental do nosso corpo, mas que normalmente ninguém presta atenção por ser um grande desconhecido.
Trata-se da área que se encontra justo entre a vagina e o ânus.
Está composto por tecido muscular interno, tecido conjuntivo e diversos ligamentos, vasos e nervos. Por fora está recoberto de pele.
É interessante que tomemos consciência do nosso períneo, da sua localização, igual que sabemos onde está o nosso dedo mindinho do pé, por exemplo, que somos capazes de localizá-lo com os olhos fechados.
Talvez porque esteja algo escondido, mas também por infinidade de mitos e tabus, é uma parte do corpo que costumamos prestar pouca ou nada de atenção, mas cumpre importantes funções:
Realmente é necessário prestar tanta atenção a um lugar tão escondido do nosso corpo?
A resposta é um imenso SIM!
É fundamental cuidar devidamente dessa área para garantir um correto funcionamento da função excretora, sexual e reprodutiva.
Ainda por cima, uma coisa leva à outra e se começar a repercutir numa das suas funções, vai acabar afetando a todas.
E, acredite, pode prejudicar de tal forma que chegue a dificultar a sua vida diária.
Parir vaginalmente não vai ligado a laceração ou episiotimia. Pode terminar o parto com o períneo completamente íntegro.
A descontinuidade dos tecidos dessa área pode deixar uma cicatriz que cause rigidez e falta de elasticidade no períneo.
Normalmente é preferível uma laceração a uma episiotomia já que a laceração é produzida de forma espontânea pelo corpo durante a saída da cabeça do bebê. Pode afetar somente pele ou pele e mucosa ou até musculatura, mas se romper naturalmente, na maioria das vezes acontece evitando inervações ou irrigações importantes. Assim é mais fácil cicatrizar-se e voltar à sua estrutura e elasticidade normal. O corpo é sábio.
A episiotomia é um corte cirúrgico no períneo realizado por um profissional. Se cortam os 3 tecidos: pele, mucosa e músculo e leva por diante tudo o que passa por aí: ligamentos, vasos, inervações, etc. Demora mais em curar e normalmente deixa uma cicatriz que produz retração no tecido, perdendo a sua elasticidade.
“Quer dizer que tudo isso é prejudicial para o assoalho pélvico? Mas se muitas dessas ações são inevitáveis e algumas são realizadas diariamente!!“
Tranquila!
Não é que tudo seja prejudicial, senão que é inevitável que essa área se veja afetada, e se não está minimamente trabalhada, vai acabar sofrendo as consequências.
Evitando práticas que o prejudiquem.
Mas, como dissemos antes, há ações que são inevitáveis. Sim, é certo. Mas sempre se pode realiza-las protegendo o assoalho pélvico.
Por exemplo:
Treine os músculos do assoalho pélvico assim como os abdominais e lombares.
O assoalho pélvico não trabalha de forma independente, senão em colaboração o com a parte da frente, lateral e detrás da área central do corpo.
O períneo é a parte de baixo, o assoalho, como o seu próprio nome indica. E se um desses grupos musculares não está minimamente fortalecido, vai prejudicar os outros.
Como dissemos antes, é importante que os exercícios que se realizem ao redor dessa área sejam hipopressivos.
Para exercitar o assoalho pélvico existem uns exercícios específicos chamados: EXERCICIOS DE KEGEL que basicamente se trata de contrair e relaxar os músculos do períneo de forma gradual. E pode ser practicado em qualquer etapa como por exemplo durante a gravidez ou o posparto.
Um truque para saber o que você tem que contrair?
Primero, para poder localizar e tomar consciência dessa área do seu corpo deite de costas com as pernas dobradas e as plantas dos pés apoiadas no chão, colchão ou esteira. Coloque um espelho enfrente para poder visualizá-lo.
Agora, vamos imaginar que você tenta cortar a urina (não pratique enquanto faz xixi) ou que tenta evitar um escape de gases.
Também pode introduzir um dedo na vagina e tentar apertar ele.
A sensação é como se a vagina se fechasse e elevasse. Essa é a contração dos músculos do assoalho pélvico.
Mas preste atenção em que não deve contrair nem os abdominais nem os glúteos. Não se deve notar desde fora.
Também é importante não prender a respiração enquanto se pratica os exercícios de Kegel.
Uma vez localizada a área, já pode practicar os exercícios em cualquier postura: de pé, enquanto caminha, sentada ou deitada.
Cada dia, tire de 5 a 10 minutos para praticá-lo.
Para não esquecer, relacione a uma tarefa que você faz diariamente: escovar os dentes, dirigir caminho ao trabalho, tomar banho… Assim, cria um hábito e não se esquece.
Com o tempo pode ir aumentando a força e a frequência. Sempre sem forçar. Pouco a pouco vai ir ganhando mais força nessa área.
Há no mercado dispositivos para ajudar a tonificar o assoalho pélvico mas para começar é recomendável realizar somente os exercícios de Kegel mesmo.
Como está o seu períneo? Você cuida bem dele?
Imagens desde Flickr: Ludo, o-wagen