“Plagioquê? O que é isso? É contagioso? É grave?”
Essa é a reação da maioria das mães quando o bebê é diagnosticado de plagiocefalia.
Vamos esclarecer o que é e assim poder reconhecer se o seu bebê poderia apresentar ou não.
Basicamente significa crâneo deformado. “Deformado? Como assim? Uma deformidade?”
Não. Não é que seu bebê tenha nascido com um defeito “de fábrica”.
É, mais bem, um defeito físico que se desenvolveu nas últimas semanas de gestação ou, mais frequentemente, com o passar dos dias / meses do nascimento.
Pegue seu bebê no colo e olhe ele de frente. Repare na forma da cabecinha. É uniforme? É redondinha? Tem alguma parte como “amassada” por algum dos lados?
Agora olhe a cabecinha de perfil. A parte de atrás está plana ou redondinha? Se está plana, é muito provável que se trate de braquicefalia, uma variedade de plagiocefalia.
Desconfie também, quando há perda de cabelo numa área concreta da cabeça. Aquela carequinha que está concentrada num lugar só, pode estar indicando provável ou futura plagiocefalia.
A deformação do crâneo pode aparecer por 3 razões:
Pode ser que seu bebê tenha permanecido de nádegas durante toda a gestação e por tanto, que a cabeça tenha crescido estando em contato continuo com a parte superior do útero.
Essa parte do útero tem forma de sino, ou seja, se estreita quanto mais para cima. Por tanto, se a cabecinha cresceu durante o ultimo trimestre em contato com essa parte do útero, o bebê pode nascer com a parte superior do crâneo mais estreito, como com forma de pera.
Com frequência, demora alguns meses, mas deve ir atenuando-se a forma estreita de orelhas para cima, pouco a pouco. Se você não ver melhoria, comente com o pediatra.
Também, no caso de miomas materno. Se o bebê crescer com a cabeça em contato com um mioma do útero, essa parte do crâneo pode se afundar um pouco.
Outra possibilidade pode ser em caso de gêmeos. Que os 2 ou mais bebês tenham crescido com as cabecinhas em contato.
A medida que o bebê vai crescendo, vai suavizando essa forma e vai adquirindo a conformação redonda normal.
E é indiferente o tipo de parto.
Ocorre tanto em parto normal como em cesáreas já que no final da gravidez a apresentação do feto (parte que está em contato com a pelve da mãe) sempre descende, colocando-se em contato com o canal do parto. Por tanto, se se trata de um feto em cefálica (apresentação de cabeça), que é o mais habitual, também pode desenvolver plagiocefalia.
Mas não se preocupe porque isso está pensado pela natureza. A cabecinha do feto é molinha de propósito, para poder se amoldar aos ossos da cadeira da mãe. Assim que, provavelmente, será questão de uns poucos dias para a cabecinha tomar a forma redonda normal sem ter que fazer nada. Se, depois de um máximo de 15 dias, a cabecinha continua com uma forma estranha, consulte com o pediatra.
Para que se entenda melhor, é quando o bebê permanece com a cabeça em contato com um colchão ou uma cadeirinha durante longos períodos.
Um bebê que está sempre deitado de costas terá braquicefalia, ou seja, a cabeça aplanada por detrás. Se está permanentemente de um lado, terá esse lado mais plano que o outro.
É importante não colocar para dormir sempre do mesmo lado: ir variando um lado de cada vez.
A única forma de prevenção é sobre o último ponto da questão anterior.
Os bebês pouco carregados passam muito tempo na mesma posição, sejam deitados num berço ou numa cadeirinha tipo espreguiçadeira.
Como ainda não se movem muito, podem permanecer muitas horas ao dia com a cabeça apoiada contra alguma superfície. Normalmente, só são carregados no momento de se alimentar e pouco mais.
Esses bebês são grandes candidatos a desenvolver plagiocefalia.
“Então, como poso prevenir? Deixo ele de bruços?”
NÃO! De jeito nenhum! Essa postura está muito relacionada com a síndrome de morte súbita do recém-nascido, assim que não é a solução.
Pois a melhor forma é carregando durante muito mais tempo que deixando deitado.
Com certeza, você deve estar pensando: “Se tiver que ter o bebê no colo o dia todo, não vou poder fazer nada! Não pode ser viável!”
E aí é quando eu te revelo uma forma de levar o bebê no colo o tempo todo e poder fazer praticamente tudo o que quiser: adquira um carregador portabebê ergonômico. Há uma variedade enorme: mochilas, slings, wraps… O importante é que seja ergonômico, ou seja, que respeite a postura natural dos bebês (costas em C e pernas em M) e que respeite também a sua (que distribua bem o peso entre ombros e cintura).
Seu bebê vai adorar, vai dormir mais tempo e se sentir mais seguro e você vai ter as mãos livres até mesmo quando ele estiver mamando.
Para mim, um dos melhores inventos que existem! Recomendo 100%.
Dessa forma, a cabecinha do bebê está sempre livre, assim que não há como deformar.
Existem, também, almofadas fabricadas especificamente para isso mas mesmo com a almofada, se permanecer na mesma postura, não vai adiantar. Melhora, mas não é o ideal.
A principal é a estética. Se vê a deformação à primeira vista.
Mas também pode repercutir no correto alinhamento do arco dental, transtorno na fala, pode desenvolver estrabismo, problemas respiratórios e até mesmo atrasar o desenvolvimento psicomotor e cognitivo.
Ademais, existe uma porcentagem bastante alta que apresentam torcicolo muscular congênito (não se sabe bem se é causa ou consequência). Desconfie se o bebê não girar direito a cabeça para um determinado lado.
Dá para entender que não se trata de nada banal, não é?
Na maioria das vezes sim. Sempre e quando seja detectada a tempo e se detenham as pressões no crâneo. Habitualmente não terá que fazer mais que isso. E com o tempo, a cabecinha vai voltando ao normal.
Às vezes, é preciso colocar uma faixa ou um capacete específico para corrigir plagiocefalia.
Outras vezes, o motivo é porque os ossos da cabeça se soldaram antes de tempo (craneosinostose) e nesse caso, seria necessária cirurgia.
Levar ao pediatra para uma avaliação. Só mesmo o diagnostico de certeza desse profissional pode confirmar o defeito.
Mas não precisa ir urgente. Normalmente, os bebês são vistos cada mês para consultas rotineiras. Na próxima consulta, comenta com o pediatra para ver que opinião tem ao respeito.
Conhece algum caso de plagiocefalia? Como se resolveu?