Depois de tanto tempo planejando ser mãe, de tantos meses de tentativas, de 9 meses sonhando com ver o rostinho dele… e quando por fim tem ele em braços, você se sente invadida por um sentimento estranho, algo inexplicável. Você se sente profundamente triste! E o pior de tudo é que ainda por cima se sente culpada por estar triste!
O que está acontecendo com você? Por que essa tristeza incômoda? Não era o que você queria?? Já é mãe. Já tem seu bebê em braços. O que mais quer? Você deveria estar radiante, transbordante de alegria, deveria se sentir a mulher mais feliz do mundo, não é mesmo?
Pois não. Definitivamente, não!
Você tem todo o direito do mundo em se sentir triste. Se permita se sentir melancólica.
Vou te dar um dado que talvez você não sabia: cerca do 70 a 80% das mulheres experimentam uma depressão transitória depois do parto. Sabe o que significa isso?? A grandíssima maioria!
Está vendo aí? Você não é a única. Pense bem… somente o 20% das mulheres não passam por isso. Isso quer dizer que o raro é não se sentir triste. Então, se você acaba de ganhar seu neném e se sente assim, pode se considerar normalíssima.
Como pode ser que a maior parte das parturientes se sintam assim, mas ninguém admita isso? Sabe o que acontece? Que confessar esse sentimento, quando todo mundo espera de você um sorriso de orelha a orelha enquanto carrega o seu maior desejo cumprido, é difícil.
Sabemos o que esperam de nós. Sabemos que, se o nosso entorno nos vê triste depois de dar à luz, vão nos julgar injustamente. Vão nos considerar ingratas por ter o que queríamos e dar a impressão de não valorizar. Vão achar que nos arrependemos, que não amamos o nosso bebê, que não merecemos essa bendição. E uma coisa não tem nada a ver com a outra. Mas nada de nada.
Esse sentimento que você está experimentando tem um nome. Se chama tristeza puerperal ou blues pós-parto.
Costuma aparecer entre o segundo e terceiro dia depois do parto e a culpa de tudo isso é principalmente das mudanças hormonais, ainda que também jogam um papel importante as mudanças físicas e familiares. E se ainda por cima está se estreando como mãe, as probabilidades aumentam bastante.
Depois da euforia inicial, se produz um sentimento de decaimento, irritabilidade, mudanças de humor e tendência ao choro fácil. A tudo isso temos que somar o cansaço, e mal-estar geral, possível desconforto por dores, adaptação aos ritmos do recém-nascido e o temor por cumprir com as novas responsabilidades. Que mais se pode pedir? É um verdadeiro coquetel explosivo que pode estourar em qualquer momento.
E você ainda se pergunta porque está se sentindo assim? Como disse há umas linhas atrás, o raro é que se sinta feliz.
Esses sintomas são transitórios, ou seja, passageiros. Costumam remitir num prazo aproximado de 10 dias.
Para mitigar ou diminuir as probabilidades de padecer tristeza puerperal são importantes alguns fatores:
Tudo isso favorece uma adaptação psicológica à maternidade mais positiva.
Se os sintomas durarem mais que uns poucos dias e não remitirem pode se tratar de uma depressão pós-parto. Essa patologia se caracteriza por: choro, abatimento, sentimentos de incapacidade, ideais suicidas, tristeza, perda do apetite, insônia, sentimentos de impotência, desesperança, ansiedade e desesperação. Dura 2 semanas ou mais e deveria ser tratada por um profissional.
Já viu como a tristeza puerperal é o mais normal do mundo? E é algo que ninguém nos adverte de que pode acontecer, não é?
Eu mesma, com o nascimento da minha filha Sara, que foi quando me tornei mãe, padeci o blues pós-parto. Justo no terceiro dia, que foi quando nos deram a alta, eu me senti tremendamente triste e vazia. Fui todo o caminho de volta à casa chorando. Mais bem, iam caindo as lágrimas, sem mais. Sem sentido, sem motivos reais. Mas como eu já sabia que podia acontecer, aceitei e ponto. Ao chegar a casa, tirei a camisa, despi minha filha e coloquei ela coladinha em mim para mamar. Pedi a meu marido que não deixasse ninguém nos interromper e desliguei o telefone. Foi santo remédio. Antes de terminar o dia eu já estava muito melhor e ao dia seguinte já estava como nova.
Do segundo nascimento (Anxo) não experimentei esse sentimento. Talvez porque o de Sara foi o primeiro e uma cesárea e o de Anxo um parto muito respeitado.
Gostaria de saber de você. Se ainda não foi mãe, já tinha ouvido falar disso? E se já tem filhos, você padeceu tristeza puerperal? Como se sentia? Quanto tempo durou?